Estorvos e tormentos

Esteve no mesmo lugar por todo esse tempo. Pensou que estava indo em frente, seguindo adiante, mas a ficha sempre cai, cedo ou tarde. Uma hora tudo tem que ter um ponto final. De tanto colocar pontos finais, acaba virando reticências.

E essa angústia de querer que tudo tenha seu devido fim. Sabe-se lá quando acaba. Se um dia sequer acaba. Não sabe, não pode prever. Talvez, não há um lugar aonde se quer chegar, o que você procura é simplesmente a sua constante busca.

Queria correr, mas não tinha forças. 
De algum jeito esquisito, não queria ter forças.

Mas nunca havia sido assim. Sempre em frente, seguindo adiante. Já passara por piores tormentos e cá estava, firme, forte, viva. E assim continuaria.

Ainda e talvez

O mundo roda, roda, roda e para de novo no mesmo lugar.
Os mesmos sentimentos e pensamentos, as mesmas dúvidas e angústias.
A mesma trilha sonora.
Plus ça chage, plus c'est la même chose.

O coração acelera, a barriga gela. Tremedeiras.
Tenta controlar, mesmo sabendo o que controla.
Talvez saber o que controla dê a ilusão de controle.
E mesmo sabendo, o controle continua o mesmo.

Entre respondentes e operantes, o mundo continua a girar.
Ainda sem correr sem rumo, nem destino.
Ainda correndo pra longe; música afasta (ou atrai).
Ainda não just the way you are.
Mas ainda ali.