O algo mais

"Se fosse só sentir saudades, mas tem sempre algo mais
Seja como for, é uma dor que dói no peito"


É engraçado como quando começo a pensar sobre um assunto acabo me deparando com uma música, às vezes há muito esquecida. Já escrevi aqui sobre como as músicas me marcam e marcaram, embora ultimamente a coisa esteja sendo um pouco diferente. Mas isso é assunto pra outro post, o que está me pegando hoje é a saudade.
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Não vou ser a primeira nem a última a falar o que quer que seja dessa doce sensaçãozinha. Nem vou perder meu tempo fazendo a catança de "há quem diga que a saudade..." e nanana. Ela simplesmente resolveu pegar no meu pé, há algum tempo, confesso, mas agora ela realmente me incomoda.
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Não sei quem foi que inventou essa mistura de dor e nostalgia, esse aperto no peito, a sensação de fim de mundo, a necessidade de que o tempo voe, ou pelo menos volte atrás. Só sei que o poeta ali em cima está certo, ela nunca vem sozinha, vem sempre o algo mais. Junto com a sensção de fim de mundo, a insegurança: "e se nunca mais...?". Junto com a vontade de mandar o tempo fazer um cooper, aquele momento emo, "me sinto só...", como se tudo parasse.
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Isso tá ficando muito melodramático e ainda não é onde quero chegar. Por mais que ela me incomode, pegue no meu pé, me deixe com um quê de emo, sabe que eu gosto dela? Não é suuuuuper caso de amor incurável, mas o gostinho dela faz diferença. Depois de tanta saudade, depois de tanto aperto no peito, quando ela passa, faz tudo ser mil vezes mais gostoso. Não dizem que o melhor da festa é esperar por ela? A saudade vem como a espera, dando aquele toque diferente, um plus, que muda tudo. Talvez seja esse o algo mais do poeta. Não simplesmente mais coisas ruins. Mas uma coisa boa. E se for pra ter esse algo mais, então como disse o outro poeta, "eu vou morrer de saudade".
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Longe, mas perto, sempre. Sempre esperando e sempre com saudade.

De volta

É, foi um longo e tenebroso inverno. Na verdade, um imenso e escaldante verão. Aqueles tempos em que não acontece nada e acontece tudo ao mesmo tempo; mas quem é que consegue organizar isso em textos? Perdi a conta das vezes em que parei nessa mesma página em que estou agora, olhando a esmo pra tela e as teclas, vendo fotos no google, procurando por onde começar, o que falar das tantas coisas vividas e ao mesmo tempo, como falar?
A verdadeira resposta é que nem eu sei ao certo como. Só sei que voltei à minha vida de viajante e de pensamentos forasteiros, se bem que alguns não passam tão rápido assim. É delicioso voltar pra casa, mas o comichão de continuar vivendo como viajante às vezes fala mais alto. Por que? Ora, algumas coisas simplesmente não tem porquê. São simplesmente assim.
Algumas coisas não precisam de meios e razões. Apenas existem. Pequenas ou grandes, leves ou intensas. Não sei nem quais são as melhores. Sei só as minhas melhores. A minha melhor, ou deveria ser o meu melhor? Definitivamente são essas que encantam, dão graça, cor, nos fazem perder o sono ou sonhar acordados. Que nos fazem esperar por horas e horas mesmo que seja por uma só palavra (ou seriam três?). Quando espero, detesto esperar, mas quando chega, simplesmente vale a pena. Sem precisar de motivo nenhum, apenas é. E viver essas coisas me faz só querer viver mais e mais e mais. Como disse o alguém certo, se é pra morrer, que seja de overdose. Então eu quero overdoses dessas coisas maravilhosamente simples e complexas, meus paradoxos de todo dia. Overdoses de sorrisos, olhares e risadas; de momentos de silêncio, de momentos de barulho. De muita raiva e muita alegria. Porque se for a companhia certa, o alguém certo, vale mil vezes mais a pena.
Longe mas perto, sempre.