Lights will guide

Nunca acredite em comportamento verbal, eles disseram.
E não acreditou. Na verdade, acreditou, porque afinal, avisaram que não deveria acreditar.

Pelo menos, já que ele destoava tanto do resto, teve a presença para confirmar. E confirmando, não confirmou. Estava certa, ou errada, já não sabia mais. Antes, pensava do jeito certo; achando que poderia estar errada mudou de pensamento. E descobriu que estava errada. Ou certa, já não sabia mais.

Seja como fosse, a decisão estava tomada. E cada vez mais ficava claro que era a decisão certa. Um pouco presa, mas libertando-se. Precisava falar, colocar pra fora, elaborar. Falar com as paredes não era suficiente. Será que não dava no mesmo? Melhor assim.

Melhor a cada dia. A cada instante. 
I will try...

Estorvos e tormentos

Esteve no mesmo lugar por todo esse tempo. Pensou que estava indo em frente, seguindo adiante, mas a ficha sempre cai, cedo ou tarde. Uma hora tudo tem que ter um ponto final. De tanto colocar pontos finais, acaba virando reticências.

E essa angústia de querer que tudo tenha seu devido fim. Sabe-se lá quando acaba. Se um dia sequer acaba. Não sabe, não pode prever. Talvez, não há um lugar aonde se quer chegar, o que você procura é simplesmente a sua constante busca.

Queria correr, mas não tinha forças. 
De algum jeito esquisito, não queria ter forças.

Mas nunca havia sido assim. Sempre em frente, seguindo adiante. Já passara por piores tormentos e cá estava, firme, forte, viva. E assim continuaria.

Ainda e talvez

O mundo roda, roda, roda e para de novo no mesmo lugar.
Os mesmos sentimentos e pensamentos, as mesmas dúvidas e angústias.
A mesma trilha sonora.
Plus ça chage, plus c'est la même chose.

O coração acelera, a barriga gela. Tremedeiras.
Tenta controlar, mesmo sabendo o que controla.
Talvez saber o que controla dê a ilusão de controle.
E mesmo sabendo, o controle continua o mesmo.

Entre respondentes e operantes, o mundo continua a girar.
Ainda sem correr sem rumo, nem destino.
Ainda correndo pra longe; música afasta (ou atrai).
Ainda não just the way you are.
Mas ainda ali.

Banquinho

E tantas coisas haviam mudado, mas no fim, nada havia mudado. Claro, aparentemente, problema resolvido, ema ema, o mundo seguiu adiante e tudo bem. Mas ainda tinha a impressão de que havia uma leve, sutil conexão. Esperava não esperar, mas ainda sim, sem esperar, esperava.

E achava que também esperava. De maneiras diferentes, coisas diferentes, tempos diferentes. Mas ainda esperava uma reação, ainda queria provocar uma reação. Os efeitos colaterais ainda presentes. Ia se aproveitar deles ou só esperar que o comportamento se extinguisse?

Sabia o que ia fazer, sabia (relativamente) o tempo em que o faria. Tinha dúvidas gigantes sobre ser ou não o certo, mas sentia que era o que devia fazer. É preciso coragem, certo? Só dizer que o banquinho te aguenta sem realmente subir nele não significa nada.

Era hora de subir no banquinho, dar a cara a tapa, jogar a última ficha. E esperar, sem esperar; mas esperando.

Adiante

O mundo seguiu adiante.
Lera essa frase tantas vezes nos últimos dias que esqueceu de perceber que o seu próprio mundo seguira em frente. Não foi a única a não perceber isso logo de cara, mas foi a mais rápida.
Os desejos e pensamentos tão conflitantes e paradoxais em si mesmos que desistiu de pensar.
Era mais simples aceitar as explicações mais fáceis; agora era tudo o que conseguia aceitar.
Já não sabia mais, não queria mais, não sabia se não queria.

Queria o produto final, mas algumas vezes esperava que os subprodutos fossem a salvação. Conscientemente não se permitia esperar isso. Mas sabia que no inconsciente essa esperança martelava furiosamente.

Era hora de cortar esse cordão, seguir em frente, seguir adiante. Continuar cometendo os mesmos erros não levaria ninguém a lugar nenhum. A mente sabia disso, o coração ainda se esforçava em acreditar.

A imaginação sempre fora mais rápida que a lógica. O tempo entre a lógica alcançá-la era mais do que suficiente pra machucar. E mesmo que se impedisse de imaginar, não tinha como parar os sonhos e esses traziam à consciência coisas que preferia que ficassem enterradas na inconsciência.

O mundo seguira adiante.
Já era passada a hora de seguir também.
Encontraria sua própria chave, o segredo é a forma de s na ponta, e a porta se abriria.

Já não confiava, já não acreditava.
Não queria nunca mais acreditar.

Miscelânea (IX)

Quase sempre, quase sem querer.
Às vezes mais, às vezes menos; quanto mais, menos.

O tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta agora tinha dificuldades em se manter.
A Lon.ga.ni.mi.da.de não dava as caras há muito tempo.

Surpresas atrás de surpresas, mas já não fazia tanta diferença.
Quase nunca, quase sem querer.

Não sabia e nem queria saber. Deixe que venha, deixe acontecer.
Dos pesadelos e devaneios não se livraria tão fácil.
Deixe ser, deixe estar.

Impossível é o que é.
Mas vai ter que ser possível.
Quase sempre, mais do que por querer.

Dele, por Ele, pra Ele são todas as coisas

Gosto de perceber como o tempo dá suas voltas ao meu redor. Quase dançando à minha volta, como se querendo tirar sarro de mim. "Você acha que controla alguma coisa? Você acha que domina alguma coisa? Vamos ver então". E Ele me desafia a não querer controlar, a deixar em Suas mãos, entregar e confiar.

Depois penso sobre o amor. Não amor romântico, amor humano. Se for pra ser por merecimento, não tem sentido. Merecer ninguém merece de verdade. E não amamos por causa, amamos apesar. Ou então não é amor, é conveniência. Se me amaram a ponto de morrer por mim, quem sou eu pra não amar? Tudo sofre, tudo crê, tudo espera, tudo suporta.

Por fim, penso em paciência. Paciência pra esperar o Seu tempo das coisas. Paciência para não desistir de amar, apesar. Lon.ga.ni.mi.da.de. Nunca deixou de valer a pena. Paciência exige confiança e a confiança vem da intimidade. Então a resposta parece bem clara: invista nesse relacionamento que tudo ficará mais simples.


Já é mais do que óbvio que sozinha não tenho a capacidade nem a força.
Só me falta melhorar da amnésia recorrente e assumir isso como verdade, a cada dia.

One and Only

"Quantas vezes tinha se perdido imaginando todas aquelas coisas? O mesmo número de vezes em que abriu os olhos e tudo aquilo não estava lá. Preparara para si todas as infinitas surpresas que o destino poderia lhe pregar. Visualizara e vivera cada momento, cada conversa, cada olhar, cada fôlego. Ao fazê-lo já sabia que nada daquilo realmente aconteceria. Mas de certo modo, sentia prazer em ver todas aquelas cenas em sua própria mente, de maneira tão perfeita. E se permitia esperar pelo momento em que a realidade realmente a surpreenderia, superando cada um dos quadros que havia criado em sua própria mente"
- Maria Fernanda Ferraz


"I don't know why I'm scare
I've been here before
Every feeling, every word
I've imagined it all"


- Adele

The Scientist

E ninguém nunca havia dito que seria fácil. Ninguém havia dito que não haveria volta para o começo - mas esperava-se que estivesse subentendido. A velha sensação de nostalgia estava de volta, mas dessa vez, não havia dor, nem angústia, apenas um sentimento estranho, como reencontrando um velho amigo.

Alguns sorrisos começaram a lhe ocorrer, tantas recordações ao longo de tantos anos, envolvendo diferentes personagens. Sonhos estranhos (ah, estava certo aquele que disse que eles eram a realização dos desejos), conversas infinitas, piadas únicas. Mas mesmo aquelas que costumavam doer, agora traziam um aroma diferente, um sabor delicioso ao voltarem à cena.

Talvez seja o tempo, talvez sejam pessoas e lugares diferentes. Talvez seja tudo isso e mais aquele detalhe que só aparece depois de muito tempo, quando se olha pra trás e percebe-se que tanta coisa mudou, mas tudo continua do mesmo jeito. Ainda não era chegado o momento de correr sem destino, sem precisar fugir. Mas talvez não fosse preciso, por enquanto.


E ao ter esses pensamentos tão concretos e abstratos ao mesmo tempo, percebeu que na verdade não queria voltar ao começo. Queria apenas, seguir.

As histórias do menino que nasceu sem coração



See you driving' round town
With the girl I love, and I'm like
Forget you!

-Agora, peguem seus colchonetes e deitem-se...


I guess the change in my pocket
Wasn't enough, I'm like
Forget you!
Forget her too!

-Respirem fundo, deixem toda a tensão ficar do lado de fora...


I said, if I was richer, I'd still be with ya,
Ha, now ain't that some shit? (ain't that some shit?)

-Respirando... Sintam todo o corpo apoiado... Sintam os pontos de tensão...


And although there's pain in my chest
I still wish you the best whit a...
Forget you!


Obs: o menino que nasceu sem coração é um personagem fictício. Qualquer semelhança com andróides infiltrados na raça humana é mera coincidência.